Quem assina a resenha de hoje é a Bel Sanz.
Quando
eu li algumas partes da sinopse e opiniões sobre o livro e vi que a história
era baseada em jornalismo investigativo já me chamou atenção por ser um dos
gêneros literários que eu adoro. Quando soube que a história ia para os cinemas
fiquei ainda mais curiosa para ler, coloquei o livro na minha lista de desejos.
Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro nesse ano o livro estava em promoção,
então pensei: “Mais um motivo para que eu leia o livro, deve ser um aviso.”
Adquiri o livro e quis logo começar a ler antes do filme ser lançado.
A
história é contada por Jack James, o irmão mais novo do jornalista, Ward James,
que vive e trabalha em Miami. Jack vive com o pai no condado de Moat, zona
rural, interior dos Estados Unidos, onde o xerife Thurmond Call durante o
cumprimento do seu dever matou 17 pessoas. Dezesseis delas eram negras. Na
véspera de completar 67 anos, depois de 34 anos em sua profissão ele mata a 17ª
pessoa. Ele algema sua vítima e depois o chuta até a morte. Esse homem, Jerome
Van Vetter, era branco.
Nas
primeiras horas da manhã seguinte Thurmond Call foi encontrado morto na estrada
a poucos metros de sua viatura. Ele tinha um corte que ia da barriga até a
virilha e foi deixado para morrer.
O
primo de Jerome, Hillary Van Vetter, foi condenado por esfaquear o xerife num
ato de vingança. Ninguém ficou surpreso com isso já que todos sabiam que a
família Van Vetter cuidava dos seus, e Hillary Van Vetter era o membro mais
feroz e imprevisível de todo a família.
A
polícia foi à cabana de Hillary, sete dias depois do assassinato do xerife e
encontrou uma faca ensanguentada e também uma camisa nas mesmas condições. E
Hillary estava bêbado e feliz em uma banheira quando os policias chegaram.
Assim, Hillary Van Vetter foi preso pelo assassinato. Em cinco meses foi
julgado e condenado a morte mesmo tendo sido defendido pelo advogado mais caro
do condado de Moat.
Os
jornalistas, Ward James e Yardley Acheman saem de Miami e vão ao condado para
investigar e publicar a matéria no jornal Miami Times. Eles são convencidos
pela enigmática Charlotte Bless de se aprofundarem no caso dizendo que algo
muito estranho tinha acontecido para condenarem Hillay Van Vetter. Ela tem
certeza que ele é inocente. Essa mulher tinha a estranha mania de se
corresponder com condenados a morte sem nem ao menos conhecê-los pessoalmente.
Depois de ver uma foto de Hillary Van Vetter em um jornal no momento de sua
prisão, algemado e sendo conduzido ao tribunal do condado de Moat ficou
interessada e alguns dias depois escreveu uma carta e enviou para ele. Todas as
correspondências que enviava ela fazia uma cópia e guardava em caixas com as
iniciais do destinatário.
Na
última parte da sinopse da Editora está escrito:
“Paperboy
é um romance gótico sobre a vida aparentemente sossegada das cidades do
interior. Um thriller tenso até a última linha, que fala de corrupção e
violência, mas que, ao mesmo tempo, promove uma lição de ética.”
Tomei
fôlego e comecei a ler o livro, terminei a leitura com fôlego de sobra. Não
fiquei tensa, não entendi o que é ‘um romance gótico’ e não descobri qual é a
lição de ética que o livro se propôs.
A
sinopse nos engana, até mesmo falando que Jack James acaba fazendo uma
investigação por conta própria e eu sinceramente, não vi isso no livro. Jack
James está sempre com o irmão nas investigações porque Ward o contrata como
motorista, e assim acaba conhecendo e se metendo nas histórias, mas não se
aprofunda em nada sozinho. Na verdade esse personagem só nos conta a história
de acordo com sua visão pessoal sobre todos os fatos, o que nos deixa na dúvida
sobre vários pontos da narrativa porque como Jack não estava presente, nós
também não vamos estar e vamos permanecer com as mesmas dúvidas que ele, e as
curiosidades também. Ele basicamente acompanha seu irmão na investigação e não
faz mais nada além disso.
A
leitura é lenta, tranquila, sem grandes reviravoltas e poucas surpresas. É como
uma história que nos é contada no fim de tarde em uma cidade do interior. Não
sabemos se a história é verdadeira, se estão aumentando pra ficar interessante,
porém vamos ouvindo e até gostando da prosa. No fim sorrimos e pensamos: “É,
foi uma história legal”, vamos dormir e no dia seguinte esquecemos dela.
Não
é um livro muito ruim, não achei, apesar de ser lento, cansativo. Mas é uma
história para ler sem pretensões. Ao terminar de ler um livro realmente tenso,
vale a pena pegar e ler “Paperboy”. Ele não vai ficar entre os melhores livros,
mas também não fica entre os piores já lido.
O
autor escreveu a história com começo, meio e fim. A história é bem costurada. E
o fato duvidoso que ele levanta no final normalmente é como em toda matéria
jornalística.
Os
personagens são um tanto loucos, o autor não nos “apresenta” a todos
completamente, mas não podemos esquecer que a história é contada em primeira
pessoa, então os personagens são descritos de acordo com que vão surgindo e
sempre com a visão de Jack James. Mas digo que os personagens são um pouco
loucos por causa dos diálogos que muitas vezes parece que não vai nos levar a
lugar nenhum e que nem eles sabem por que estão dizendo tal coisa ou para quem,
parecendo muitas vezes que estão pensando em voz alta. Ou então o personagem
que narra pode ser o grande desequilibrado da história.
O
filme já chegou aos cinemas brasileiros, mas está sendo exibido em poucas
salas, ao menos aqui no Rio de Janeiro.
Apesar
de a sinopse ser melhor que a história, da narrativa ser lenta, de não poder
considerar o livro como um dos melhores já lidos, eu indico a leitura. Mas como
eu disse, leiam sem pretensões, em um momento que queiram “descansar” de uma
outra leitura mais tensa.
E
para quem interessar segue o trailler do filme
Quotes escolhidos:“Eu
estava tonto com o cheiro do perfume dela, e, embora não continuasse a me
comparar sexualmente com aquele animal de maneira intencional, percebi que, em
algum momento da história, nós, assim como os cães, ficávamos sexualmente
excitados pelo olfato; além disso, há certos odores que, durante toda a vida,
parece nos chamar à ação quando estamos sob sua influência.” (Pág. 48)
“’Desculpe’
é a coisa mais inútil do mundo – disse ele. – Um homem me pede desculpas, e
isso só serve para piorar a situação.” (Pág. 107)
“–
Você ainda não viu o que acontece quando se tem razão, Jack – disse ele –
Quando compreende as coisas exatamente do jeito que elas são...
-
O que acontece então? – perguntei.
Ele
sorriu parra mim, como queixo engordurado brilhando.
-
Faz com que seja possível suportar a situação – disse ele. E, por um momento,
tive a impressão de que sua voz estava vindo da enfermaria.
-
É impossível saber quem uma pessoa é, exatamente – eu disse, e aquilo pairou
sobre a mesa, entre nós, por um longo tempo.” (Pág. 248)
“Terminei
outra cerveja. Pareceu-me, naquele momento – sempre tive essa impressão -, que
há pessoas que você reconhece intuitivamente como inimigos. E, na maior parte
do tempo, como no caso de Yardley Acheman, eles o reconhecem. Além disso, mesmo
que nada seja dito ou feito, a animosidade está lá, desde a primeira vez que
vocês entram na mesma sala.
-
Acho que somos inimigos naturais – eu disse.” (Pág. 277)
Um pouco sobre o autor: Pete
Dexter é romancista vencedor do National Book Award, é de Michigan, nos Estados
Unidos. Foi colunista do Philadelphia Daily News e do The Sacramento Bee, e
articulista em revistas como Sports Ilustrated e Playboy. Vive em uma ilha na
costa de Washington. Paperboy
é seu único livro publicado no Brasil.
Ri alto com o "Tomei fôlego e comecei a ler o livro, terminei a leitura com fôlego de sobra." kkkkk Como é frustrante não ter suas expectativas confirmadas, Adorei a resenha. Um a menosd na minha lista sem fim.
ResponderExcluirMas é que foi bem assim mesmo, Ivi kkkk
ExcluirA sinopse me tirou o fôlego, entrei de cabeça e encontrei um vácuo.
Mas deu pra terminar a leitura e a pessoa fica curiosa pra saber o que aconteceu.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaramba... romance gótico? Onde? A pessoa que disse isso sabe o que é um romance gótico?... acho que não... realmente é frustrante pegar um livro cheia de expectativa e terminar a leitura um pouco decepcionada. Ja nem tinha interesse em lê-lo, agora menos ainda... :/
ResponderExcluirBoa Semana!
http://livrosromanticos.blogspot.com.br/
Eu ainda não sei o que é "romance gótico", Raíssa kkkk
ExcluirSe vc souber me explica, por favor!
Eu achava que para ser considerado romance gótico deveria ter algo de sombrio e sobrenatural, mas não sei...
ResponderExcluirEu juro que pensava que o livro seria pior devido a capa, julguei bem pior, mas lendo sua resenha eu vi que não era nada do que eu pensava, acho que eu me empolgaria lendo, porque gosto de livros assim, mas adorei sua resenha bem sincera!
Estandy Books - A Estante Da Andy
Olá Ivi...Tudo bem??
ResponderExcluirAdorei sua resenha clara e objetiva, estava super empolgada com este livro assim como você, mas já li tantas resenhas "negativas" sobre ele que estou em dúvida em relação a leitura. Imaginei se tratar de um livro que te prendesse por ter essa investigação, mas isso acaba não acontecendo...Confesso que não tirei ele da minha lista de desejados,mas não será uma das minhas prioridades!!
Beijocas♥
Não gostei nem do livro e nem do filme, apesar deste eu ter achado bem melhor que o livro. E você disse bem quando falou: terminamos e vamos dormir, no dia seguinte não lembramos mais.
ResponderExcluirEu assisti o filme e nao gostei, nao sei se irei gostar do livro, mas quem sabe futuramente eu nao leia somente para saciar curiosidade.
ResponderExcluirxx
Esse é um dos livros que eu não tenho e nunca tive vontade de ler, agora tenho menos ainda, nada nele me chamou atenção, nem a capa, nem a sinopse.
ResponderExcluirPelo menos agora vc ta cheia de folego para o próximo livro kkkkk.
Bjs
Esse é um dos livros que eu preciso ler urgentemente. Já vi o filme e achei que faltava muita coisa nele, apesar de ser um bom filme.
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