Mulherzinhas (Loisa May Alcott)

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

FICHA TÉCNICA
Nome original: Little Women
Autora: Louisa May Alcott
Tradução: Diego Raigorodsky
País de origem: Estados Unidos
Número de páginas: 684
Ano de Lançamento: 1862
ISBN13: 9780451529305
Editora: Martin Claret

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 60º livro lido em 2020 e foi Mulherzinhas (Loisa May Alcott). Meu interesse pelo livro surgiu quando vi a divulgação do filme que recebeu elogios generosos da crítica. Embora eu tenha assistido ao filme antes de ler, a curiosidade só aumentou com o livro.

O livro nos traz a família March: Jo, Amy, Meg e Beth são as filhas de uma família humilde, mas muito amorosa. A narrativa começa com as meninas vivendo com a mãe enquanto o pai está na guerra, acompanhamos a saudade e a união delas para passarem por esse momento de forma determinada. As filhas são muito diferentes entre si, mas é bem claro o quanto se amam. Jo e Amy roubam o protagonismo em diversas partes, mas de forma geral, o livro conta a história das quatro de forma homogênea.


Infelizmente, o livro não funcionou muito bem para mim porque com a boa experiência do filme, eu imaginava encontrar uma profundidade maior das personagens e apelo assertivo para o feminismo, o que não existe no livro. Encontrei uma história repleta de moral cristã e ensinamentos sobre como ser uma boa mulher. É inegável que a autora tenha bebido de águas bíblicas para construir o mundo das irmãs March e é compreensível que nós, leitores do século XXI, estranhemos aquelas regras tão duras e subservientes aplicadas a jovens mulheres. Nada é imposto ou aplicado as personagens que nos leve a pensar que elas não são felizes com a vida de esposa e mãe, entretanto em alguns momentos tudo aquilo me pareceu bastante artificial, como se as meninas realmente não tivessem muitas opções quanto ao seu futuro.

O desenvolvimento do enredo se dá através da fórmula do romance de formação por retratar inicialmente, um ano na vida das jovens irmãs ao longo de seu crescimento emocional, moral e na segunda parte, o desenvolvimento delas na vida adulta. O livro poderia facilmente ser enquadrado nos termos contemporâneos como um Young Adult, mas a minha impressão foi de uma narrativa um pouco mais infantil. As irmãs March são adolescentes que enfrentam a longa espera pelo retorno do pai, se deparam com a pobreza e os tormentos de não poder ter tudo em uma sociedade que valorizava especialmente o ter em detrimento ao ser. Com uma educação moralmente cristã, elas são ensinadas pela mãe para serem boas e não lamentar o que não possuem e sim agradecer pelo que têm.


Assim como a narrativa, as personagens são planas, todo mundo é muito bonzinho e sem grandes nuances. Embora existam algumas brigas entre as irmãs, elas se perdoam rapidamente e seguem a vida sem grandes rancores, o que para mim não tem a menor verossimilhança com a realidade. Ainda que o livro tenha sido escrito há muito tempo, a relação de irmãos é igual em qualquer época e isso me distanciou um pouco da história.

É acolhedor acompanhar a jornada de crescimento das meninas. A sensação ao ler foi a de ser abraçada pelo ambiente amoroso de uma família. A união entre elas pode ser inspiradora, especialmente porque é padrão ver mulheres que não se dão bem em obras de ficção. Infelizmente, a maioria dos livros clássicos a que temos acesso foi escrita por homens que quando retratam mulheres, em geral são seres quase mitológicos, que vivem para a beleza e não conseguem construir verdadeiras amizades femininas e relacionamentos profundos entre si, o que não vemos neste livro. Cada irmã possui sua própria personalidade e opiniões diferentes, mas todas são unidas pelo amor e pelo respeito. Portanto, é bonito ver mulheres discordarem e até brigarem sem que os laços de amizade sejam rompidos.


Apesar de achar o filme melhor que o livro e não ter me conectado totalmente a narrativa, a leitura foi uma experiência positiva.

Gostei.


Um pouco sobre a autora: Louisa May Alcott foi uma escritora norte americana, que se dedicou principalmente à literatura juvenil. Foi educada pelo pai, o filósofo e educador Amos Bronson Alcott, tendo a oportunidade de conviver com intelectuais como Thoreau e Emerson. Louisa sonhava ser atriz, mas tornou-se escritora. Inspirou-se nas próprias experiências para escrever suas histórias. Suas obras publicadas no Brasil são:

  • Mulherzinhas’
  • A Rapaziada de Jo
Comentários
19 Comentários

19 comentários :

  1. Olá Ivi!
    Mulherzinhas é uma obra que na época com certeza foi considerada uma inovação em relação à descrição das mulheres como protagonistas. Mas hoje pra gente é bem difícil engolir essas personagens boas, recatadas e do lar que May Alcott vai construindo ao longo dessas páginas (inclusive acho que tem livro de mais e história de menos, mas é aquele ditado rsrsrs). E por mais que cada uma das irmãs possua personalidades diferentes, a relação entre as mesmas beira o irreal, diferente do filme que tem barraco, uma cortando cabelo da outra etc.
    Porém, é evidente que para reflexão o livro é um excelente material, nos levando a pensar sobre a limitação de aspirações que uma mulher tinha à época.
    P.S. O filme é pura aclamação, e não poderia ser diferente com Meryl Streep, Laura Dern, Saoirse Ronan e Timothée Chalamet no elenco.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  2. Olá Ivi!
    Eu amei o filme! Quando vi que tinha a Emma Whatson eu fui correndo assistir e até fiquei com vontade de ler o livro. Mas é uma pena o feminismo não ganhar destaque na obra literária, já que foi justamente esse o motivo de eu ter gostado tanto do longa. E no filme a gente percebe que a relação entre as irmãs não é esse mar de rosas todo não, que tem sim um pouco de ciúme e inveja na história. Adorei saber essas curiosidades da autora, é uma pena que ela não tenha realizado sonho de ser atriz. Ah, e a capa desse nova edição está lindíssima! Uma pérola para exibir na estante rsrs.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Oi, oi!

    Ah, confesso que fiquei um pouco decepcionada, pois futuramente tinha interesse em ler esse livro. Não assisti ao filme, mas imaginava que a história seria sobre mulheres fortes e pela sua resenha o quesito feminismo não teve um destaque tão grande na obra. Mas é aquilo, né? As vezes na época o assunto não era grande pauta e eles fizeram isso com o filme, por ser mais atual.

    ResponderExcluir
  4. Não vi o filme apenas sabia da existência do livro por meio de citações em outras obras.
    Nunca tive como meta ler, mas tinha certa curiosidade.
    Achei legal ler sua resenha e saber Melhor como seria a experiência de ler a obra.
    Parabéns pela resenha e obrigado pela dica.

    Beijinhos

    ResponderExcluir
  5. Oi Ivi
    Quero muito ler esse livro, exatamente por causa do filme, que ainda não assisti. E, se não me engano, tem uma série também.
    Realmente essa parte da mulher subserviente e de pessoas tão boazinhas o tempo todo deve ser frustrante para nós no século XXI. Mas era a realidade delas naquela época, triste mas era isso.
    Pretento ler o livro em breve, já está separado, será uma das próximas leituras e, só depois verei o filme.

    ResponderExcluir
  6. Ainda não tive a oportunidade de assistir ao filme e nem de ler, mas confesso que tenho essa impressão sobre como o livro pode ter uma moral mais cristã, sabe?, sem contar que não sou uma pessoa muito ligada à clássicos. Mas enfim, fico feliz que tenha sido uma experiência boa, de qualquer forma. São raras as exceções que os filmes ganham destaque.

    ResponderExcluir
  7. Oi, Ivi! Tudo bom?
    Confesso que o meu interesse por essa leitura vive em constante oscilação entre estar muito curiosa e ter plena certeza que esse não é o meu tipo de história. Ainda não assisti ao filme na versão mais recente, mas assisti uma adaptação feita em 2018 (se não me engano) em uma versão contemporânea da história e devo dizer que não curti tanto quanto esperava, o que acabou me deixando com os dois pés atrás, tanto com o livro como com a nova adaptação cinematográfica ]:
    Ainda assim, me sinto mais inclinada a assistir ao novo filme (o elenco realmente me chama atenção <3) do que a ler o livro.

    Um super beijo e uma ótima semana! :*
    www.inconstantecontroversia.blogspot.com

    ResponderExcluir
  8. Oii!

    Ivy, eu estava tão animada para ler esse livro que agora eu mesmo que desisti, sei que o contexto histórico mudou muito, mas nossa, que brochante... acho que vou ver só o filme mesmo que é melhor... gostei da sua resenha! e as fotos ficaram lindas.

    Beijinhos,
    Ani
    www.entrechocolatesemusicas.com.br

    ResponderExcluir
  9. Existem alguns livros que a adaptação se sobresai melhor, e foi isso que eu percebi ao ler sua resenha. Como o tema feminismo não era tão falado quanto nos dias de hoje, no livro acabou ficando aquela coisa sem muito destaque.

    ResponderExcluir
  10. Oi Ivi!
    Já tinha ouvido falar desse livro, mas é a primeira resenha que leio, gostei do enredo girar em torno de uma família que espera a chegada do pai da guerra, a convivência entre as irmãs e a mãe é um retrato de muitas pessoas na sociedade. Estou curiosa para saber mais dessa história e saber como termina e se o pai retorna. Obrigado pela dica, parabéns por sua sinceridade e pela resenha, bjs!

    ResponderExcluir
  11. Eu tinha bastante curiosidade em ler esse livro, mas aí você pontuou algumas coisas que me fizeram repensar se realmente quero ler ele. O fato do filme ser melhor, na sua opinião, sei como é isso, isso aconteceu comigo em relação a Harry Potter.

    ResponderExcluir
  12. Oi, tudo bem? Não conhecia o livro antes de ser lançado o novo filme. Após assistir o trailer fiquei bem curiosa. Uma pena o livro não ter dado certo pra você. Com relação aos pontos levantados a autora retrata a época, então é compreensível que muitos pensamentos sejam diferentes dos que temos atualmente concorda? Um abraço, Érika =^.^=

    ResponderExcluir
  13. Oi, Ivi!
    Eu li esse clássico no ano passado e apesar do meu receio pela quantidade de páginas, eu adorei essa leitura. Infelizmente, eu li a versão que contém só o primeiro livro, então não vi o crescimento das irmãs até a fase adulta.
    Eu concordo que há uma pegada cristã, mas não acho que elas eram criadas para serem esposas e mães. Elas tinham liberdade para serem quem quisessem, mesmo considerando a época. Temos que lembrar também que a Loisa May Alcott foi meio que "obrigada" pelos editores a escrever as continuações e também aquele final para a Jo.
    Adoro as duas adaptações, tanto a de 94 como a de 2019, mesmo com as suas diferenças.
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2020/09/resenha-o-milesimo-andar-livro-1.html

    ResponderExcluir
  14. Essa obra está na boca dos leitores, só ouço comentários e resenhas positivas sobre a mesma, o que me deixou bem curioso para realizar sua leitura. Estarei me organizando aqui e inserindo-a na minha lista, pois o interesse é grande. Espero estar lendo em breve.

    ResponderExcluir
  15. Oi, Ivi!
    Não conhecia Mulherzinhas e nunca ouvi falar do filme... Mas em relação a trama do livro, confesso que não me interessei em conhecer a história das irmãs March, em acompanhar a jornada de crescimento de Jo, Amy, Meg e Beth, por isso dificilmente eu leria esse livro...
    Mas que pena que o livro não te conquistou como aconteceu com o filme, é sempre muito frustrante quando isso acontece... Bjos!

    ResponderExcluir
  16. É uma clássico, mas não chamou muito a minha atenção. Não sabia do filme, acho interessante assisti ao filme e ver se o livro vale a pena.

    ResponderExcluir
  17. Olá Ivi!!!
    Eu acabei ainda não vendo o filme por conta de querer ler o livro antes, pois talvez aconteça de eu ir realmente com muitas expectativas para o mesmo depois de ler ele e acabar me decepcionando. Mas realmente acho que a época influencia e é por isso que livros escritos em séculos completamente que os nossos fazem com que eu tente não julgá-los.
    Adorei a resenha!!!

    lereliterario.blogspot.com

    ResponderExcluir
  18. Oi Ivi, tudo bem?
    Achei a resenha bem informativa e juro compreender o fato da tua experiência não ter sido das melhores com o livro. Até porque não é simples engolir essas personagens tão antiquadas, mas eu entendo que a autora escreveu de acordo com o contexto social que ela vivia e historicamente, as mulheres levaram um bom tempo até conseguirem direitos igualitários e a possibilidade de aspirar uma vida diferente da imposta pelo padrão. Se bem que ainda hoje isso acontece porque os tempos mudam, mas as pessoas são as mesmas porqueiras.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://wwww.osvampirosportenhos.com.br

    ResponderExcluir

Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




.

Colunistas

sq-sample3
Kesy
sq-sample3
Kelly
sq-sample3
Laís

Facebook

Instagram

Lidos 2024

Filmes

Meus Livros

Músicas

Youtube


Arquivos

Twitter

Mais lidos

Link-me

Meu amor pelos livros
Todas as postagens e fotos são feitas para uso do Meu amor por livros. Quando for postado alguma informação ou foto que não é de autoria do blog, será sinalizado com os devidos créditos. Não faça nenhuma cópia, porque isso é crime federal.
Tecnologia do Blogger.