Filme da vez #105 Coringa

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

FICHA TÉCNICA
Título Original: Joker
Ano de Produção: 2019
Lançamento no Brasil: 03 de outubro de 2019
Duração: 122 minutos
Gênero: Drama, Policial, Suspense
País de Origem: Estados Unidos
Classificação Etária: 16 anos
Elenco: Frances Conroy, Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Bill Camp, Bryan Callen, Dante Pereira-Olson, Douglas Hodge, Evan Rosado, Glenn Fleshler, Leigh Gill, Marc Maron, Shea Whigham
Sinopse: Gotham City, 1981. Em meio a uma onda de violência e a uma greve dos lixeiros que deixou a cidade imunda, o candidato Thomas Wayne (Brett Cullen) promete limpar a cidade na campanha para ser o novo prefeito. É neste cenário que Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos, com um agente social o acompanhando de perto, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens de Wall Street em pleno metrô. A atitude inicia um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne é seu maior representante.
Oi gente que ama livros, hoje venho comentar com vocês as minhas impressões sobre o filme Coringa. Confesso que meu interesse pela produção era mínimo e nem o trailer eu havia conferido, porém quando o filme estreou e todo mundo começou a elogiá-lo, fiquei curiosa e tive que conferir no cinema.

O enredo nos traz o Arthur Fleck, que trabalha como palhaço nas ruas fazendo propaganda para alguns estabelecimentos comerciais. Ele cuida da mãe que é bem frágil, adoentada e frequenta sistematicamente um serviço de assistência social com quem conversa e tem suas medicações receitadas, assim entendemos que ele sofre de alguma doença mental que em momento algum é esclarecida. Arthur tenta bravamente sobreviver aos dias tensos e duros que se desenvolvem em sua vida. Ele é hostilizado nas ruas porque não consegue segurar uma gargalhada assustadora e mesmo quando não quer rir, acaba gargalhando, constrangendo a si próprio e as pessoas ao redor. A situação dele se agrava quando o serviço de assistência é encerrado e assim ele fica sem os medicamentos ao mesmo tempo em que descobre segredos gravíssimos sobre o passado da mãe.


O filme é intenso e perturbador. Sujo, corajoso e transgressor, tão condizente com a essência de qualquer vilão. Embora o enredo humanize o personagem, sabemos que ele matará pessoas, roubará outras e aparentemente, não sentirá remorso algum sobre isso. Temos como pano de fundo uma Gotham City caótica, decadente e sem qualquer regra, mergulhada em uma injustiça social crescente, negligenciando os menos afortunados.

Neste sentido, é muito interessante como este Coringa dialoga com o histórico do personagem, tanto no cinema quanto nos quadrinhos. Sem qualquer referência prévia, trata-se de uma história original que reinventa características básicas do personagem, sem jamais modificá-lo de fato. Ao mesmo tempo, se apropria da memória coletiva em relação às versões anteriores, não propriamente no sentido de compará-los, mas de saber do que o personagem é capaz: o Coringa é doente e não vê problema algum em ser extremamente violento. Tal consciência traz ao filme um clima de tensão especialmente quando percebemos que não há mais volta para as decisões e atitudes que o protagonista tomou.


Por outro lado, o enredo nos manipula para concluir que a loucura do Coringa, ou melhor, de Arthur Fleck, seja não apenas justificável como, em um primeiro momento, quase perdoável. A partir de um minucioso estudo de personagem acompanhamos a saga de Arthur a cada novo fracasso, assistindo à mudança da meiguice inicial de Joaquin Phoenix rumo a um personagem cada vez mais duro e decidido, em todas as etapas de uma transformação decorrente muito mais dos vícios da sociedade do que por falhas suas. Não há pressa em buscar sequências emblemáticas, apenas o tempo necessário para justificar cada passo dado. 

Se Phoenix tivesse apenas se sujeitado à transformação física e criado esta risada que provoca calafrios, seja pelo som emitido ou pela conjuntura de sua existência, já seria suficiente para um belo trabalho. Entretanto, ele vai além ao entregar uma variedade imensa de perfis multifacetados que compõem o personagem, provocando espanto e admiração em doses fartas. 


Paralelamente, o roteiro estabelece um subtexto político em torno da transformação de Arthur Fleck no Coringa. Pouco a pouco, a luta de classes chega a Gotham City de forma absolutamente orgânica, provocando um levante dos oprimidos junto à elite local, cujo representante maior é Thomas Wayne. Sim, Coringa também passa pela origem do Batman, mais uma vez dialogando com a memória coletiva, entregando uma versão inédita de uma história para lá de conhecida.

Violento e de uma efervescência política vibrante, Coringa é um novo capítulo na história do Palhaço do Crime que será lembrado por muitos e muitos anos. Entretanto, independentemente de sua ligação prévia, trata-se também de um filme brilhante pela forma como foi construído: a partir de um fundo psicológico calcado apenas na vida real, de forma que sua transformação seja verossímil não só em Gotham City, mas em qualquer cidade nas mesmas condições de desigualdade social. 

Eu amei e sem dúvida, foi o melhor filme do ano para mim.

Trailer Oficial:

Comentários
7 Comentários

7 comentários :

  1. Eu acho esse Coringa dele muito assustador sério, tenho muito medo dele.. Diferente dos outros coringas esse me dá medo sim. Talvez porque aqui temos a verdade nua e crua sobre a história do personagem, os problemas e até a mãe.
    Gostei do filme e vou ser sincera, chorei em algumas partes.

    ResponderExcluir
  2. Nunca fui fã do Coringa, mas esse filme está me chamando muita atenção.
    Gostei de conhecer sua opinião sobre.

    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Oi, Ivi!
    Eu ainda não assisti o filme e vou esperar mais um pouco, até sair em algum lugar. Mas meu irmão já assistiu e achou espetacular.
    Li algumas críticas (tanto positivas como negativas) e sobre diversos pontos, e me parece que o longa consegue trabalhar muito bem as questões políticas e sociais. Mesmo o Coringa sendo um vilão - e não devemos romantizar nem glamourizar nada, pois ele não tem arrependimentos -, uma sociedade quebrada pode ajudar indivíduos a chegarem a esse ponto, como por exemplo, cortando os medicamentos e a saúde pública.
    Ótima crítica. Parabéns!
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2019/10/resenha-as-garotas-mulheresemfoco.html

    ResponderExcluir
  4. Oi Ivi!
    Estou doida para assistir esse filme, ouço muitas coisas boas sobre o papel como o autor interpretou o personagem, e em como mexe com o psicológico, mas ainda não consegui um tempo para isso. Adorei sua resenha fiquei mais curiosa para tirar minhas próprias conclusões e ver a evolução do filme. Obrigado pela dica, parabéns pela resenha, bjs!

    ResponderExcluir
  5. Olá, amei conferir suas considerações sobre o filme, bom que você tenha gostado dele. De tão comentado que está sendo, estou me interessando em assistir, acho especialmente interessante o fato de contar a origem do personagem, como ele surgiu.

    ResponderExcluir
  6. Olá!!!

    Só escutei coisas boas sobre esse filme, mas ainda não tinha lido uma resenha profunda a respeito e agora estou planejando uma ida ao cinema nesse fim de semana mesmo. Que visão você tem, muito crua e nada superficial. Gosto que ultimamente a política está sendo inserida em filmes de massa, alguns enxergam outros infelizmente ainda não, mas só de saber que a mensagem está ali já me satisfaz. Enfim, amei a resenha, se já estava louca para assistir, agora é uma questão de honra, obrigada por compartilhar sua visão e opinião sobre o filme.

    Beijos

    ResponderExcluir
  7. Olá, tudo bem?

    Eu assisti o filme do "Coringa" no final de semana de estreia e adorei, o filme é muito bom, muito bem feito e super reflexivo, pois aborda doença, sociedade, política, parte comportamental do ser humano.
    Abraço!

    ResponderExcluir

Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




.

Colunistas

sq-sample3
Kesy
sq-sample3
Kelly
sq-sample3
Laís

Facebook

Instagram

Lidos 2024

Filmes

Meus Livros

Músicas

Youtube


Arquivos

Twitter

Mais lidos

Link-me

Meu amor pelos livros
Todas as postagens e fotos são feitas para uso do Meu amor por livros. Quando for postado alguma informação ou foto que não é de autoria do blog, será sinalizado com os devidos créditos. Não faça nenhuma cópia, porque isso é crime federal.
Tecnologia do Blogger.