O MORRO DOS VENTOS UIVANTES (EMILY BRONTË)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014


Falar sobre O MORRO DOS VENTOS UIVANTES se torna muito difícil uma vez que é uma história antiga, tanto amada quanto odiada. Acredito que os amantes da literatura já o tenham lido, ou tenham assistido ao filme. Alguns que não leram pretendem ler e muitos já releram ou pretendem reler. Eu assisti ao filme há muito tempo atrás e a pouco tempo vi uma nova edição do livro e me deu vontade de ler, até porque não lembrava muito bem da história. Não tem nada a ver o fato do livro ser o preferido de Bella e Edward, do Crepúsculo, o fato de ter tido vontade agora de ler esse livro, inclusive detestei de nessa nova edição do livro vir escrito na contracapa esse detalhe. Acho que isso estragou a capa da edição, ainda bem que eu não comprei, o livro me foi emprestado.

Único romance publicado pela autora Emily Brontë, que faleceu sem usufruir do sucesso de sua obra, apesar de que na época o livro não foi tão bem aceito como atualmente. E, lendo o livro dá para entender, afinal a autora fala diretamente de toda repressão da época, da busca de poder, da sociedade que dava mais valor a aparência do que aos sentimentos. Diferente dos romances publicados na época, Emily Brontë escreve sobre vingança, inveja, amor proibido, não limitando em nenhum momento os sentimentos intensos e dúbios dos seus personagens. Dando um tapa na cara da sociedade do século passado, Emily nos presenteia com um romance forte, que muitas vezes nos incomoda. Com personagens rebeldes, outros passivos, com personalidades tão atuais. Personagens que vagueiam entre a bondade e a maldade, muitas vezes nos fazendo pensar, e amá-los e torcer por eles, e no momento seguinte odiando-os com todas as forças do nosso ser. Personagens reais, até palpáveis.

Quem nos conta a história é Nelly, uma criada do Morro dos Ventos Uivantes, que presenciou a vida de todos os personagens. O mote principal é o amor intenso entre dois personagens: Heathcliff e Catherine, que vivem um amor proibido para a época. Não entendi muito bem porque dizem que é a história do maior amor de todos os tempos, uma vez que o que passa na verdade é um amor doentio. Intenso, mas doente.

O pai de Catherine, um belo dia volta de viagem trazendo consigo um menino, um cigano sem estudos e sem educação. E sem explicação o mantém em casa, criando-o junto aos seus filhos, Catherine e Hindley. O menino não é bem aceito pela família, até porque ele acaba sendo o protegido do pai. De toda a família quem acaba aceitando o menino é Catherine e com isso nasce entre eles uma grande amizade, que no futuro se transforma em amor. Mas devido as regras da sociedade e imposição da família, Catherine sabe que não poderá se casar com Heathcliff, porque com certeza não teria uma vida aceita socialmente, e provavelmente, como a própria fala no livro, eles iam viver pedindo esmolas. Com isso, Catherine se casa com Edgar Linton, morador da Granja dos Tordos. Heathcliff, com ódio por ser durante toda a vida maltratado e depois preterido por sua amada, desaparece por mais de três anos. Após esse período ele decide retornar ao Morro dos Ventos Uivantes e dar início a sua vingança contra todos, inclusive contra sua amada Catherine.

O começo da história é um pouco confuso. A Granja dos Tordos e o Morro dos ventos uivantes, se misturam várias vezes na história. Duas propriedades próximas cujos moradores acabam por se conhecer, se relacionar e casar. Talvez pela vida deles serem muito limitada a um pequeno espaço já que os jovens não tinham permissão de ir muito além da propriedade onde viviam, que acaba que primos se relacionam, se apaixonam e se casam, ou são obrigados a se casar para seguir a tradição da família. Como Nelly conta a história desde gerações passadas, temos que ficar atentos aos personagens e ir ligando quem é quem na história, e mesmo assim muitas vezes se confundem. Como eu disse, o livro me foi emprestado, e reparei que em algumas partes ele estava grifado com marca texto os nomes dos personagens e em outras partes escrito a lápis de que família algum personagem pertencia. No começo não entendi o porquê das marcações, mas com o desenrolar da história entendi porque a pessoa fez isso, já que as duas famílias vão se unindo e nos perguntamos quem é quem dentro da narrativa.

Passada a primeira parte do livro e nos situarmos sobre quem é quem, vem o miolo do livro. Essa parte eu achei bem arrastada, muitas vezes não entendia o que a autora queria realmente nos passar com tanta maldade, tanta vingança, e estava me sentindo irritada com a história. Mas não foi nada que desse vontade de parar a leitura e largar o livro pela metade. Ainda bem! Na terceira e última parte do livro, a história fica mais interessante e, novamente, torcemos por algum personagem.

A dificuldade da leitura fica entre situar os personagens na história e a linguagem antiga, que eu acho linda! Não é um livro que dê para ler com pressa, portanto, se houver interesse na leitura, leia apenas ele, deguste, volte a leitura algumas vezes, marque o livro se você tiver coragem e se deixe envolver pela história do século passado de Emily Brontë. Você não vai terminar o livro apaixonada por algum personagem, mas, certamente, vai reconhecer algum deles nos dias de hoje.

A autora fecha a história com chave de ouro, e com certeza será um livro que não me surpreenderá se fizer sucesso por muitos e muitos anos uma vez que sua história sempre será atual.
“- Mas, Nelly, ainda que o derrubasse vinte vezes eu não ficaria mais bonito do que ele. O que eu queria era ter o cabelo loiro e a pele branca, vestir-me e comportar-me bem e ter a oportunidade de ser tão rico como ele.” (Pág. 52)
“- Já chega o que sofri até agora”, retorqui. “E bem me agradaria uma retaliação que não recaísse sobre mim. Mas a traição e a violência são uma faca de dois gumes: ferem mais os que a ela recorrem do que os seus inimigos.” (Pág. 153)


Um pouco sobre a autora: Emily Jane Brontë nasceu em 30 de julho de 1818, em Thornton, na região de Yorkshire, que tão bem descreve em sua obra. O Morro dos Ventos Uivantes é seu único romance, lançado em 1847 e logo depois considerado uma das grandes obras da língua inglesa. A autora não viveu para usufruir do sucesso, morrendo de tuberculose um ano depois de sua publicação, com apenas trinta anos de idade.
Comentários
8 Comentários

8 comentários :

  1. Eu sou apaixonada por esse livro, Bel. A história dele é maravilhosa, apesar de em algumas partes a narrativa ser muito pesada. Mas depois vai tudo melhorando. Quero muito ver o filme, tomara que seja tão bom quanto o livro. Ótima resenha!
    Beijo,
    http://pactoliterario.blogspot.com.br

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    1. É um livro que eu vou ter vontade de ler de novo, Ana. Depois que conhecemos toda a história deve ser interessante reler com outros pensamentos.
      Tb pretendo rever o filme.
      Obrigada pelo comentário.
      Bjs

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  2. Oi Bel,
    Eu tentei várias vezes ler O Morro dos Ventos Uivantes, mas não consigo focar na leitura. É como você disse, deve-se ler devagar, com paciência por ser muito arrastado em alguns momentos. Eu quero muito lê-lo com mais calma e terminar a história. Sim, desnecessário esse 'detalhe' sobre Crepúsculo na capa ¬¬' Brasil e seu marketing imbecil.

    Beijos,
    Mari Siqueira
    http://loveloversblog.blogspot.com

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    1. Não desista, Mariana. Acredite que no final vale a pena a leitura.
      Bjs e obrigada pela participação.

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  3. Oiee.
    Eu nunca tive a menor vontade de ler esse livro, o fato de citarem crepúsculo na capa foi o motivo dessa aversão de criei por ele( nem todo mundo ama essa saga né).
    Mas agora que li sua resenha fiquei tentada a dar uma chance a ele, não vou dizer que será uma leitura pra ontem, mas caso tope com ele por ai não vou mais virar a cara como fazia antes.
    Bjokas!

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    1. Olá Iêda,
      Eu sou uma das que não gosta da série Crespusculo e só soube que O Morro dos Ventos Uivantes era o livro preferido dos personagens principais dessa série qdo vi citado na capa da nova edição. Torci o nariz, confesso, mas como eu tinha muita vontade de ler e o livro já estava em minhas mãos, resolvi encarar a leitura. E no final valeu a pena. É uma leitura interessante que vale a pena.
      Não desista!
      Bjs e obrigada pela participação.

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  4. Eu costumo gostar de livros antigos, esse livro particularmente não tenho vontade de ler, minha filha leu e amou, ela gostou tanto que ficava me contando o que acontecia, então perdi o interesse, achei muito trágico, gosto de livros trágicos, mas tudo tem limite. Até hoje minha filha insiste para que eu leia, talvez um dia.
    Bjs

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  5. Oi Bel. Tudo bem? Bom, eu tenho essa edição de O Morro dos Ventos Uivantes e, apesar de gostar de Crepúsculo, tenho que concordar com você de que essa ênfase na capa do livro incomoda e estraga a capa. Como eu disse eu apenas tenho porque nunca li... Minha cunhada pegou ele emprestado e disse que não é uma boa historia e tal, o que provocou um desinteresse da minha parte mas depois de ler sua resenha finalmente acho que vou começa-lo. Com base no que você disse, aparentemente, o problema é que a autora demora a pegar um ritmo que nos prenda a historia. Então, vou tentar ter paciência.

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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