A Livraria Mágica de Paris (Nina George)

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Ficha Técnica:
Título Original: The Little Paris Bookshop
Autora: Nina George
País de Origem: Alemanha
Editora: Record
Número de Páginas: 308
Ano de Publicação: 2013
ISBN-13: 9788501107619

Oi gente que ama livros, hoje venho compartilhar com vocês a resenha do 63º livro lido me 2023 e foi A Livraria Mágica de Paris (Nina George). Depois da excelente leitura com As Luzes do Sul que faz parte do mesmo universo criado pela autora, minha expectativa para ler este livro estava altíssima.

O livro nos traz o livreiro Jean Perdu, traumatizado pela partida de sua amante, transforma um barco ancorado à margem do rio Sena, em Paris, em uma Farmácia Literária, nome dado ao empreendimento. A cada cliente – ou paciente – Jean Perdu receita um livro. Algumas dores da alma, ele pensa frequentemente, só podem ser curadas pela literatura.


Foi exatamente para atenuar esses sofrimentos inexplicáveis, mas, ainda assim, reais, que Perdu comprou o barco que, na época, ainda era uma barcaça de carga e se chamava Lulu; ele o reformara com as próprias mãos e o enchera de livros, os únicos remédios para as inúmeras e indeterminadas doenças da alma.

Esse é o ponto de partida de A Livraria Mágica de Paris, da alemã Nina George. A trama despretensiosa combinada à pitada de charme que é uma farmácia literária estacionada à beira do Sena foram a receita perfeita para que mais de 1 milhão de exemplares de livros fossem vendidos ao redor do mundo.


As indicações de Perdu são interessantes. A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery, para uma mulher que precisa reencontrar o amor-próprio. Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, para quem está no meio da vida e perdeu a capacidade de enxergar. Como tentamos fazer com amigos, Perdu troca pedidos de livros ruins por indicações de clássicos, como quando sua vizinha pede Desejo Ardente e leva para casa O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde.

No entanto, como numa paixão de verão que não sobreviverá ao inverno, o que funciona e atrai no começo da narrativa logo começa a perder seu encanto. Nas primeiras páginas, descobrimos que Jean Perdu, o personagem principal, vive uma vida solitária, enquanto tenta escapar do fantasma do seu grande amor, que o teria abandonado há mais de duas décadas.


Por um acaso, Perdu descobre uma carta deixada por sua amante e o conteúdo dela o leva a decidir abandonar Paris e rumar, em sua Farmácia Literária, para uma pequena cidade na região da Provença, Bonnieux, em busca de respostas para perguntas que deveriam ter sido feitas 20 anos antes.

O que era para ser uma aventura e uma história sobre o poder redentor da literatura, contudo, não passa de uma trama dominada por frases feitas e desdobramentos completamente previsíveis. Na tentativa de contar uma história sobre a redescoberta da capacidade de amar e de estabelecer laços afetivos a qualquer tempo da vida, George escreveu um romance em que abundam clichês, descrições desnecessárias e personagens pouco convincentes.


Em vez de se basear em clássicos da literatura que recomenda aos seus clientes, Perdu guia sua viagem pelo fictício Luzes do Sul, de Sanary, o que nos rende passagens com um teor elevado de melodrama:

A partir do momento em que Perdu desatraca o barco da margem do Sena e começa sua viagem para Bonnieux, esse tom de autoajuda passa a ser frequente. Ao longo do caminho, outros personagens se juntam ao livreiro, mas eles pouco agregam à história. Max, o escritor jovem com bloqueio criativo, e Cuneo, o italiano em busca de seu grande amor, são caricaturas de viajantes, com tramas tão pouco elaboradas que suas histórias pecam em credibilidade e, em vez de me divertir, me aborreceram.

Com personagens vazios e trechos carregados de melodrama desnecessário, o que nos resta neste livro é saborear a travessia que Jean Perdu empreende pelo interior da França. Como caderno de viagens, A Livraria Mágica de Paris funciona melhor. Ainda que por vezes as descrições de cores e paisagens sejam um pouco excessivas, é quase impossível não se imaginar tomando um café da manhã com croissant na Borgonha ou comendo mexilhões com molho de creme de leite em Cassis durante a leitura.

Em determinado trecho, Perdu categoriza livros:
– Obviamente, livros são mais que médicos. Alguns romances são amorosos, companheiros de uma vida inteira; alguns são um safanão; outros são amigos que o envolvem em toalhas aquecidas quando bate aquela melancolia outonal. E muitos… bem. Muitos são algodão doce rosado, cutucam o cérebro por três segundos e deixam para trás um nada agradável.
A Livraria Mágica de Paris se encaixa nessa última categoria, mas sem necessariamente deixar um sabor doce na boca. O que era para ser um tributo ao poder encantador dos livros sobre a vida das pessoas é, ao cabo, uma trama de final decepcionante, mais previsível que novela.

Me decepcionei!


Um pouco sobre a autora:
Nina George trabalha como jornalista, escritora e professora. Ela escreve thrillers, romances, artigos, contos e crônicas. A livraria mágica de Paris permaneceu mais de um ano nas listas de livros mais vendidos da Alemanha e foi best-seller, entre outros, na Itália, na Polônia, na Holanda e nos Estados Unidos, figurando várias semanas na lista do New York Times.

Seus livros publicados no Brasil são: 

A Livraria Mágica de Paris
Luzes do Sul
O Livro dos Sonhos
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




.

Colunistas

sq-sample3
Kesy
sq-sample3
Kelly
sq-sample3
Laís

Facebook

Instagram

Lidos 2024

Filmes

Meus Livros

Músicas

Youtube


Arquivos

Mais lidos

Link-me

Meu amor pelos livros
Todas as postagens e fotos são feitas para uso do Meu amor por livros. Quando for postado alguma informação ou foto que não é de autoria do blog, será sinalizado com os devidos créditos. Não faça nenhuma cópia, porque isso é crime federal.
Tecnologia do Blogger.