Conto de Fadas (Stephen King)

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Ficha Técnica:
Nome Original: Fairy Tale
Autor: Stephen King
País de Origem: Estados Unidos
Tradução: Regiane Winarski
Número de Páginas: 624
Ano de Lançamento: 2022
ISBN: 978-85-5651-157-7
Editora: Suma de Letras

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 51º livro lido em 2023 e foi Conto de Fadas (Stephen King). Como este ano eu ainda não tinha lido nada do autor e esse livor foi um presente de aniversário, já o inclui nas minhas leituras.

Em suas obras mais recentes, Stephen King deixou um pouco de lado o terror que fez dele o mestre do gênero no mundo e se embrenhou em diferentes caminhos seja do suspense ou da fantasia. Mas seu vigor enquanto um bom contador de histórias, que sabe envolver os leitores em mínimas descrições e ambientações, permanece tão forte quanto em obras do início de sua carreira como A Dança da Morte ou O Iluminado, isso só para citar dois grandes calhamaços que têm no terror seu principal combustível.


Conto de Fadas é claramente uma fantasia que homenageia grandes obras do gênero e vamos encontrar referências a todo momento ao longo da narrativa. Algumas imperceptíveis, mas se vocês lerem com bastante atenção vão identificar pequenas passagens, detalhes de nomes ou cenários e, claro, ligações com outras obras de King como já é costume em seus livros. E logo na abertura, a dedicatória é para um trio de peso: REH, ERB e HPL, notadamente Robert E. Howard (autor de Conan, o Bárbaro), Edgar Rice Burroughs (autor de Tarzan), e H.P. Lovecraft (que dispensa apresentações). Amigo de King, Ray Bradbury também aparece em citações e referências.

Em resumo, e pra começo de conversa, Conto de Fadas é um livro que tem muito de homenagem e referência a pesos pesados da literatura fantástica e de aventura. É uma fantasia com boas pitadas de drama e romance.

O livro se divide em duas partes bem distintas e que têm características totalmente opostas. Inicialmente, nos vemos diante de um grande drama contado de forma a aquecer os corações. A relação de Charlie, um garoto, com o misterioso e recluso idoso, Howard, e sua cadela, Radar. Aqui, há muito de amizade, respeito, construção de relações e a interação entre a juventude e a terceira idade. Fortes laços de amizade, aliás, são uma característica marcante em diversas obras do autor e ele sabe muito bem construir e fortalecer esses laços através dos caminhos e descaminhos da vida. É tudo muito real e palpável.

Num segundo momento, Charlie é levado para o mundo fantástico, através de um buraco que pode, ou não, lembrar Alice (quem sabe?) e o drama cede espaço para um reino em ruínas em que a tradicional batalha de bem versus mal vai se desenrolar. Aqui, a galeria de personagens é extensa e embarcamos em uma aventura na busca de retomar o controle do reino e derrotar as forças que o usurparam. A história fica mais detalhada e em vários momentos perde um pouco do seu vigor.


Conto de Fadas reúne uma miscelânea de elementos que já esbarramos em dezenas de outras obras de Stephen King. Não é repetitivo, mas é bastante conhecido de seus leitores fiéis. Nada aqui passa muito longe de aventuras como O Talismã, Os Olhos do Dragão ou partes de A Torre Negra. É familiar demais e ecoa alguns dos bons momentos de sua carreira. Mas há qualidade na construção de uma trama em que as relações de lealdade, sentimento familiar, honestidade, preocupação com o outro etc. se escondem tão bem por trás de um reino fantástico em que a ganância trouxe o cinza e escondeu o azul do céu.

Em uma obra que foi escrita praticamente no período em que o mundo vivia o pesadelo da covid-19, Conto de Fadas pode ser visto, a partir de suas entrelinhas, como uma ode aos sentimentos mais humanos e fraternos que possam existir. Há muito de comovente nas atitudes, na postura e no crescimento do protagonista Charlie. Um garoto que está bem longe de ser o mocinho ideal. Pelo contrário, ele fica remoendo em vários momentos suas atitudes mais reprováveis, ele faz promessas de ser alguém melhor, ele desenvolve uma relação com seu pai que mexe com a gente.

E quando Charlie encontra Howard. Quando há um choque de gerações e um idoso passa a ser entendido por um jovem. Tudo isso coroado por uma simpática e maravilhosa personagem canina, talvez estejamos diante de algumas dessas muitas entrelinhas que a obra esconde. Isso sem falar na diversidade de personagens das terras de Empis.

Conto de Fadas não inventa a roda nem traz nenhuma grande reviravolta narrativa que deixe leitores boquiabertos ou sem fôlego. Misto de fantasia com drama, é o tipo de livro que dá prazer em ler e reforça, em muitos de nós, o sentimento de porque gostamos tanto de boas histórias.



É um conto de um garoto que ao conhecer um misterioso senhor ganha um passaporte para um reino de mistérios, sonhos e perigos. É uma fábula de amizade, respeito, crescimento e amor. É Stephen King aquecendo nossos corações com uma história que comove e traz nostalgia.

Eu adorei!


Um pouco sobre o autor:
Stephen Edwin King é um escritor americano, reconhecido como um dos mais notáveis escritores de contos de horror fantástico e ficção de sua geração. Os seus livros venderam mais de 350 milhões de cópias, com publicações em mais de 40 países. 

Livros do autor que eu já li:

1977 – O Iluminado
1977 – Fúria
1979 – A Zona Morta 
1982 – Quatro Estações
1982 – Cujo
1983 – O Cemitério 
1986 – It – A Coisa 
1987 – Misery – Louca Obsessão
1996 – À Espera de Um Milagre
2000 – Sobre a Escrita
2005 – A Dança da Morte
2006 – LOVE: A História de Lisey 
2009 – Duma Key
2009 – Sob a Redoma 
2011 – Novembro de 63 
2017 – Belas Adormecidas
2021 – Billy Summers
2022 – Conto de Fadas
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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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