Nome Original: The Vanishing Half
Autora: Britt Bennet
País de Origem: Estados Unidos
Tradução: Thaís Britto
Número de Páginas: 336
Ano de publicação: 2021
Publicação original: 2020
E-ISBN: 978-65-5560-155-8
Editora: Intrínseca
Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 23º livro lido em 2022 e foi A Metade Perdida (Britt Bennet). Eu não lembro onde vi a indicação para ler este livro, apenas adianto que foi uma indicação certeira porque a leitura foi muito proveitosa e intensa para mim.
O livro gira em torno da família Vignes, composta por duas metades: as irmãs Vignes. Nascidas em uma pequena cidade marcada pela busca pelo embranquecimento, as gêmeas decidem fugir para Nova Orleans. Porém, as metades perdem-se uma da outra pouco depois da mudança, o que marca um futuro completamente oposto entre as duas. Stella decide passar a vida fingindo ser branca, por ser preta de pele clara. Já Desiree casa-se com um homem negro. Além disso, o tom da pele dele é ainda mais intenso do que o dela e eles têm uma filha, Jude, com o mesmo tom de pele do pai. A partir daí, vemos o desenvolvimento de tais experiências.
A Metade Perdida é o livro perfeito para fazer você calçar os sapatos de outra pessoa, como dizem os estadunidenses. No português brasileiro, colocar-se no lugar do outro. A história, que se passa nos Estados Unidos nas décadas de 60 a 80, desenvolve-se em torno da temática do racismo. A narrativa aborda o impacto do preconceito racial em todos os aspectos das vidas das pessoas pretas. Além disso, cita a forma como o preconceito molda as oportunidades e situações pelas quais as pessoas passavam – e ainda passam – nos Estados Unidos. Isso porque a época retratada é a da segregação legalizada baseada na cor da pele.
Com isso, a Metade Perdida e suas protagonistas pretas fazem brancos como eu verem o mundo pelos olhos de pessoas pretas. Com a leitura do livro, fazemos um exercício para compreendermos um pouquinho os pensamentos, sentimentos e experiências pelas quais a população negra passa. Isso inclui os que talvez nem façamos ideia de que existam antes da leitura! A obra de Bennett é a definição de lugar de fala. Ela mostra como brancos nem imaginam o que é ser preto. Por essa razão, devemos ouvir quem sofre com o racismo e não silenciá-los quando relatarem suas experiências.
Diante disso, somos apresentados à visão de mundo diferenciada de cada personagem principal da história (as gêmeas, a filha de Desiree, etc.). Isso amplia nossa compreensão da negritude de pele clara – a ponto de ser confundida com a branquitude – até a da negritude bem mais retinta. Nesse quesito das vivências, outro ponto importante é o quanto o livro nos mostra que todos têm seus sofrimentos e alegrias.
Diante da temática do colorismo apresentada no enredo, outro ponto tratado é o bullying sofrido por Jude, a filha de Desiree. Tais experiências impactam sua autoestima até a vida adulta em vários aspectos. Um deles é seu relacionamento com o namorado, um homem preto e trans.
O livro é denso, necessário, bem escrito e original o que torna sua leitura obrigatória para quem quer encontrar um conteúdo com pertinência social relevante na literatura contemporânea.
Eu adorei!
Um pouco sobre a autora: Brit Bennett nasceu e cresceu no sul da Califórnia. Formou-se na Universidade de Stanford e se especializou em literatura pela Universidade do Michigan. Tem textos publicados na New Yorker, na The New York Times Magazine, na Jezebel e em outros veículos de renome.
Seus livros publicados no Brasil são:
• As Mães
• A Metade Perdida