O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde)

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Ficha Técnica:
Nome Original: The Picture of Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Tradução: Maria Crstina F. Da Silva
País de Origem: Irlanda 
Número de Páginas: 256
Ano de Lançamento: 1891
ISBN-13: 9788535106619
Editora: Nova Cultural

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 56º livro lido em 2019 e foi O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde). Essa leitura foi a minha quarta escolha para a Maratona de releituras que sempre faço no mês de Julho. A primeira vez que li este livro foi em 1998 e foi um presente de um professor querido no dia da cerimônia de colação de grau na universidade. Minha escolha para este livro se baseou no fato de que exatamente na época que li pela primeira vez, estava em um momento único da minha vida, rompendo com muitas expectativas que tinham sobre mim e experimentando os primeiros passos na vida adulta de verdade, contanto apenas comigo mesma para tudo. Reler este livro foi como me reencontrar com quem eu era naquela época, o que foi algo muito interessante.

O livro nos traz Dorian Gray, um jovem humilde que acaba de ingressar na alta sociedade inglesa. Por sua beleza fora do normal e personalidade doce, gentil e amável, ele torna-se a inspiração do pintor Basil Hallward, que resolve retratar um quadro do belo rapaz. Em seu ateliê, entra em cena Lorde Henry Wotton, amigo de Basil, que logo fica curioso sobre este jovem que o pintor tanto aclama, derrama elogios e decide por aguardar a presença dele. Dorian então surge pela primeira vez no livro, posando para a então sessão final da pintura que o amigo tanto desejava fazer e tão logo tem uma conversa com Henry, todo o cinismo e malícia do Lorde começa a transformar o íntimo do jovem aristocrata. 


Com a finalização do quadro, uma estranha ligação é formada através do desejo raso, mas sincero do rapaz: ele deseja ser bonito e jovem para sempre, será o retrato no quadro que envelhecerá. O retrato passa a marcar toda a passagem do tempo, enquanto Dorian continuará eternamente com sua aparência jovem e angelical. A partir de então, com Lorde Henry tornando-se uma influência negativa na vida do rapaz, Dorian passa a ser uma caricatura deturpada daquilo que foi um dia,  sempre mantendo sua juventude e beleza.

Oscar Wilde hoje não é conhecido por suas críticas ácidas à toa. Esse livro é um tapa na cara da sociedade do século XIX, que prezava muito mais o parecer que o ser. Enquanto Dorian lentamente se torna um homem intrinsecamente mal, todos apenas reparam no quanto ele é jovem e bonito.


Um dos aspectos mais incríveis para mim é a escrita do autor. Oscar Wilde tem um jeito todo seu de escrever. Um requinte tão singular e incrível que chega a ser um deleite ler cada linha do texto e faz o leitor sentir-se até mais inteligente a cada palavra absorvida. 

Seguimos o jovem durante todo o livro e acompanhamos seus desvios acentuados de caráter e a corrupção de toda a beleza que ele carregava em seu coração. Os demais personagens se tornam todos secundários, mas não menos importantes. Lorde Henry e Basil são quase a definição da dualidade do homem. Enquanto Henry é o lado cínico, hipócrita e maldoso, não forçando, mas sugerindo maliciosamente ao nosso protagonista os prazeres da vida, Basil é aquele que sempre tenta trazer o Dorian de volta ao seu lado puro e gentil de rapaz do campo, aquele que trouxe para si tanto fascínio.

Vale ressaltar que Henry tem as melhores citações que já pude ler em um livro. Aqueles mais entendidos sempre ressaltam que Wilde carregava seus personagens de suas próprias características e opiniões, sendo Henry um dos melhores exemplos.

Toda a ambientação do livro é carregada de características dos contos vitorianos que muitos amam: o clima fechado, a neblina, a ideia de uma sociedade que precisa mentir e esconder suas próprias naturezas para serem mais “puros” e “civilizados”, enquanto continuam por admirar a um rapaz que nunca envelhece e ainda nos brinda com um tipo de terror mais sutil e refinado.

Como é de conhecimento geral, Oscar Wilde trouxe à tona as características de homossexualidade ao texto de seu romance, algo que inclusive foi usado contra o próprio si em seu julgamento. Embora seja considerado bastante inofensivo para dias atuais, as sutis passagens foram um choque para uma sociedade tão “correta”, pois homossexualidade era considerada um crime na época em que a obra foi publicada, o que forçou o autor a reescrevê-la, alterar alguns pontos e acrescentar capítulos que tornaram o livro mais romantizado.


O Retrato de Dorian Gray é um romance de ficção gótica carregado de uma crítica espinhosa não apenas a uma sociedade banhada na hipocrisia, mas ao indivíduo enquanto pessoa. Uma ode à juventude e a beleza, além de e como a inocência pode ser corrompida por elogios vazios.

Existem algumas adaptações deste livro para o cinema e eu não gosto de nenhuma delas, pois deixaram tudo muito vulgar e inconsistente, não honrando a profundidade que o livro original nos dá. 

Eu amei reler!!!


Um pouco sobre o autor: Oscar Wilde nasceu em 16 de outubro de 1854 em Dublin, Irlanda. Filho de William Robert Wilde, cirurgião-oculista que servia à rainha. Sua mãe, Jane Speranza Francesca Wilde, escrevia versos irlandeses patrióticos com o pseudônimo de Speranza. Foi educado no Trinity College, Dublin e mais tarde em Oxford. Lá recebeu a influência de Walter Pater e da doutrina da "arte pela arte". Em 1879, foi para Londres, para estabelecer-se como líder do "movimento estético". Em 1881 é publicada uma coletânea de seus poemas. Em 1882, sem dinheiro, aceita participar de um ano de viagens entre USA e Canadá. Essa viagem lhe rendeu fama e fortuna. Em 1884, casou-se com a bela Constance Lloyd com quem teve dois filhos. Anos depois assumiu-se homossexual sendo preso e condenado por isso. Faleceu em 30 de novembro de 1900 em Paris, onde vivia exilado. Alguns de seus livros publicados no Brasil são:
    • Grandes Obras de Oscar Wilde
    • O Aniversário da Infanta
    • O Príncipe Feliz e Outras Histórias
    • A Casa Das Romãs
    • O Retrato de Dorian Gray
Comentários
2 Comentários

2 comentários :

  1. Você sabe me dizer se é de um livro (e se for qual) a frase dele "nunca ame alguém que te trate como um ordinário"?

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  2. Você sabe me dizer se é de um livro (e se for qual) a frase dele "nunca ame alguém que te trate como um ordinário"?

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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