Achados & Perdidos (Brooke Davis)

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Ficha Técnica:
Nome Original: Lost & Found
Autor: Brooke Davis
Tradução: 
País de Origem: Austrália
Número de Páginas: 252
Ano de Lançamento: 2016
ISBN-13: 9788501106926
Editora: Record

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 66º livro lido em 2016 e foi Achados & Perdidos (Brooke Davis). Iniciei esta leitura sem saber absolutamente nada sobre o livro, inclusive a sinopse, eu li quase quando já estava finalizando a leitura.

O livro nos traz a Millie, uma menina de 7 anos que após perder o seu pai para o câncer, é abandonada pela mãe em uma grande loja de departamentos de Perth, Austrália. Millie, como uma boa menina, além de experta e carismática, fica esperando pela mãe voltar, nem imaginando que foi abandonada e pela pouca idade e inocência, também não faz ideia de como poderá encontrar a mãe.
"Como envelhecemos sem deixar a tristeza tomar conta de tudo?"
É então que dois personagens entram na história para ajudar a Millie. O primeiro é o Karl, um senhor de 87 anos, também vivendo o seu luto pela esposa que morreu. Além disso, seu único filho o colocou em um asilo e ele está perdido e confuso com tanta melancolia. Cheio disso, Karl foge do asilo e é então que conhece a Millie, na loja de departamentos e decide ajudá-la, mesmo sem grandes condições.


A outra personagem que se juntará na aventura de Millie é a Agatha, uma mulher que vive um estágio avançado de depressão. Está sem sair de casa a 7 anos e se recusa a interagir com qualquer ser humano. O fato é que Agatha mora na mesma rua que Millie morava com seus pais, e entende a situação que a menina se encontra.
Acho que ele tá embaixo da terra e pronto, acabou. E ele não vai voltar na forma de um besouro ou algo assim. Nem vai ficar flutuando por aí me observando enquanto eu tô sentada na privada. Ele tá morto, só isso.Ponto final. Você tá vivo e depois tá morto e é isso, acabou.
O livro então irá se desenvolver em Karl, Agatha e Millie, viajarem pela Austrália para encontrar a mãe da menina e, essa viagem será repleta de contratempos, encrencas, momentos tensos, tristes, mas também, bem engraçados.


O livro me surpreendeu em um milhão de aspectos. Primeiro porque a Millie é uma criança tão crível e maravilhosamente bem desenvolvida, que é impossível não se solidarizar com ela. A autora conseguiu me colocar sob a pele da personagem e sentir o medo do abandono e o conforto da companhia. Karl é um homem que teve uma vida mediana, sem graça, quase descartável, se não fosse por um detalhe que realmente muda a vida humana: ele amou! A dor que ele sente com a  saudade da esposa que faleceu, fez dele um personagem apaixonante e inesquecível. E o que dizer da Agatha? Rabugenta, sincera demais, feia, louca e as vezes cruel, mas sem dúvida, apaixonável com toda sua realidade. Consegui ver a Agatha em mim, em amigas minhas, em conhecidas e nas pessoas que passam por mim todos os dias. Cada uma com seu inferno interior, esperando uma única oportunidade para surtar e jogar tudo para o alto. Agatha trouxe para o texto o alívio cômico que o livro merecia. Mesmo com uma carga dramática forte, a personagem dela foi a responsável pela leveza de determinadas situações.

O livro, narrado em terceira pessoa sob a perspectiva dos três personagens é muito bem escrito. Não é uma narrativa convencional, por exemplo, os diálogos são desenvolvidos não com travessões, mas com fonte itálica. Esses diálogos, muitas vezes inseridos no meio do parágrafo, poderiam me deixar confusa, mas a narrativa da autora é tão envolvente, que em momento algum isso me incomodou.

A grande sacada do livro não está exatamente em descobrir o paradeiro da mãe de Millie, mas sim, no trajeto, na jornada que ela, Karl e Agatha farão. Como estes três personagens tão distintos, irão se conectar e criar um senso comum para que a solução do problema apareça. Millie, ao longo do enredo, vai perdendo a inocência tão bonita em uma criança. Ela não se torna malvada, ou obscena, mas ela percebe que não dá para confiar no mundo, no ser humano e nem sempre as pessoas que amamos, são dignas de confiança.

As duas últimas páginas do livro são tensas e angustiantes, porém a autora conclui a narrativa de uma forma tão inteligente, que me fez abraçar o livro após a leitura. Um final muito apropriado, sensato e bonito.
"Todo mundo sabe tudo sobre o nascimento, mas ninguém sabe nada sobre a morte."
A característica de escrita da autora – e este é o seu primeiro livro publicado – me fez lembrar bastante da escrita do Matthew Quick e isso me fez gostar bastante, porém, com delicadeza e algumas sutilezas, a autora tem uma voz própria e isso me encantou também.


Mega recomendo para quem gosta de drama, aventura e reflexão. O livro pode agradar uma serie de leitores que transitam em diversos gêneros literários.

Forte, intenso, bem escrito e inesquecível. Eu adorei!!!


Um pouco sobre a autora: Brooke Davis é uma escritora australiana. Ela cresceu em Bellbrae, Victoria. Atualmente mora em Perth. Trabalhou como escritora de viagens, editora e livreira. Se graduou em licenciatura da Universidade de Camberra (2004). Completou o seu doutorado pela Universidade de Tecnologia Curtin em 2013. Se tornou uma das escritoras mais premiadas da Austrália e atualmente, seu romance de estreia foi traduzido para vários idiomas. No Brasil, Achados e Perdidos é só seu único livro publicado.

Comentários
8 Comentários

8 comentários :

  1. Olá!
    Primeiro: Uau! 66º livro do ano? Eu queria ler tanto assim hahaha. Parabéns! E em segudo: adorei sua resenha! Eu já estava querendo ler esse livro assim que vi o lançamento, mas não sabia que a estória era tão fofa e forte. E como eu adoro drama, tenho certeza que vou adorar esse livro.

    Beijos. | * Sorteio: A Rebelde do Deserto *

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  2. Olá Ivi,
    Como sempre, mais uma resenha incrível. Esse livro me fez pensar que o importante não é o lugar que você quer chegar, mas o caminho que faz para chegar lá. Essa narrativa com os diálogos em itálico acho que não me atrapalharia também, pois fiquei fascinada com a obra.
    Esse livro vai para a listinha de compras na Bienal :o
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  3. Iva,
    Eu estou com muita vontade de ler esse livro. Acho que só estava faltando sua resenha para me dá o empurrão. Já tinha me encantado pela sinopse, mas sua resenha me deu uma maior profundida, pois esperava um livro bem juvenil.
    Acho que vou chorar lendo com certeza. rsrsrs
    Outro ponto que goste é por se passar na Austrália, adoro quando os livros saem do eixo EUA - Europa.

    Bjs,
    Garotas de Papel

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  4. Eu achei a proposta do livro super fofa e mesmo sem ter lido já havia imaginado que o mais interessante seria mesmo o trajeto, enquanto eles buscam pela mãe dela. Me parece ser uma leitura bem leve mas com momentos em caem ciscos nos nossos olhos.

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  5. Ai, Ivi, que resenha maravilhosa! Tô louca pra ler esse livro, a proposta dele é muito interessante e eu tô na vibe de livros mais leves e com reflexões bacanas. O fato de envolver um idoso também me deixou muito curiosa, até porque li poucos livros com idosos realmente fazendo parte da trama e se envolvendo.
    Espero ainda conseguir esse livro, tô mega louca pra ler ele, já falei isso? xD
    Beijos!
    Amanda Pires || Amores e Livros

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  6. Olá, Ivi!
    Essa é a primeira resenha que leio desse livro e adorei!
    O livro parece ser lindo, sensível e emocionante.
    Adorei saber que é uma obra bem escrita e que possui uma narrativa envolvente. Também fiquei feliz de saber que mesmo com uma carga dramática forte, ainda há toques de leveza de determinadas situações.
    Os personagens parecem ótimos e tenho certeza que vou amar Millie!
    Ótima resenha, espero ler a obra em breve!
    Beijos!

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  7. Oi Ivi,
    Adorei a capa desse livro! Leria no escuro só por essa capa também.
    A jornada de Millie e seus amigos me lembrou "Cidades de Papel", onde o destino final dos personagens não teve tanto aprendizado quanto o caminho que eles percorreram até chegar lá. Pela sua resenha, a história demonstra ter a mesma sacada, o que eu amo. Anotei a dica aqui.
    Bjim!
    Tammy

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  8. Fiquei bem curiosa assim que já li a sinopse, depois que terminei a resenha então, confesso que adicionei ele na minha já enorme lista de leitura! É um livro bem diferente, com protagonistas bem interessantes e, pela sua resenha, já fiquei fascinada por Millie. Parece ser um livro lindo ♥ E sua resenha tá maravilhosa. Beijos!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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