Quem assina a resenha de hoje é a Lais Caparroz
Essa resenha contem spoilers, mas não vi motivo para
ocultar o final visto ser uma obra clássica e de leitura obrigatória tantas
vezes em vestibulares.
Mais uma vez, trago um clássico pra vocês, agora da
literatura portuguesa. Li este livro há alguns anos por ‘obrigação’ na
faculdade, mas como ler nunca é obrigatório pra mim, mais uma vez me apaixonei
por uma obra do romantismo. AMOR DE PERDIÇÃO foi escrito em 1862, por Camilo
Castelo Branco, e é sua novela mais famosa. A história, como muitos romances da
época, é muito passional e trágica.
O amor trazido na obra é vivido por Simão - tio do autor - e
Teresa. Eles são de famílias que se odeiam e são vizinhas (sim, parece Romeu e
Julieta...rs), são moradores de Viseu, uma cidade do centro de Portugal. Simão
é muito encrenqueiro e após ser preso em Coimbra onde estava estudando, volta
para a cidade natal e se apaixona por Teresa, e esse sentimento opera grande
mudança no caráter do personagem. Eles mantêm um namoro silencioso dada à
desavença entre as famílias, porem as famílias percebem esse amor entre os
jovens. Novamente Simão é enviado para Coimbra, e para Teresa restam duas
opções: se casar com outro homem do interesse de seu pai ou ir para um
convento. Distantes, os enamorados trocam correspondências secretamente,
ajudados por Mariana, filha de um ferreiro, que é apaixonada por Simão. Mariana
encarna outra característica dos romances dessa época, é abnegada (posso dizer
que apesar de ser algo muito romântico, é muito ilusório, não acredito no amor
dessa forma…) e se realiza vendo o objeto de seu amor sendo feliz com outra.
Como Teresa rejeita o casamento, é enviada para um convento no Porto, mas Simão
a ‘resgata’ no percurso, e em meio à confusão da fuga ele mata o pretendente da
moça e se entrega a policia, fazendo às vezes do herói romântico. O resultado
dos eventos é que acabam separados, um preso e a outra, no convento. Simão é
condenado à forca, mas tem a pena ‘diminuída’ e é degredado para Índia. De
tanto sofrer de amor, Teresa esta a beira da morte e fica observando o navio
que leva seu amado para além mar e morre dizendo adeus. Mariana acompanha Simão
na viagem e lhe entrega a ultima carta da moça. Ao saber da morte dela, uma
febre lhe acomete e ele também morre. O corpo do jovem é jogado ao mar e
Mariana também se joga morrendo afogada abraçada ao corpo do seu amado.
AMOR DE PERDIÇÃO é uma obra muito intensa, e lendo assim
apenas o resumo não é possível ver a beleza que ela carrega, ainda que em
nossos dias não possamos compreender um amor com tanta entrega e desmedido. Eu
acho uma leitura válida por essa razão, por possibilitar ver com outros olhos,
mais românticos, as escolhas pelo amor.
Um pouco sobre o autor: Camilo
Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa, Portugal, em 16 de Março de 1825 e faleceu em São Miguel de Seide em 1 de Junho de 1890. Escritor
português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e
tradutor.Camilo Castelo Branco foi um dos escritores marcantes da literatura portuguesa. Algumas de suas obras:
- Anátema (1851)
- Mistérios de Lisboa (1854)
- A Filha do Arcediago (1854)
- Livro negro de Padre Dinis (1855)
- A Neta do Arcediago (1856)
- Onde Está a Felicidade? (1856)
- Um Homem de Brios (1856)
- O Sarcófago de Inês (1856)
- Lágrimas Abençoadas (1857)
- Cenas da Foz (1857)
- Carlota Ângela (1858)
- Vingança (1858)
- O Que Fazem Mulheres (1858)
- Doze Casamentos Felizes (1861)
- O Romance de um Homem Rico (1861)
- As Três Irmãs (1862)
- Amor de Perdição (1862)
- Memórias do Cárcere (1862)
- Coisas Espantosas (1862)
- Coração, Cabeça e Estômago (1862)
- Estrelas Funestas (1862)
Já li um bom numero de clássicos, porém me atenho mais a Machado de Assis (uma paixão desde os tempos do vestibular). Não conhecia Amor de Perdição, apesar de já conhecer os autor, realmente bem interessante... vou procurá-lo para ler.... Adorei a dica
ResponderExcluirFui encantada por este livro em minha adolescência. O amor de Teresa e Simão envolvida na incompreensão dos pais, da sociedade, as regras sociais conduzindo as pessoas são temas que me prenderam e instingaram, eu uma rebeldia, natural da fase. Mas, hoje, mais velha, achei muito triste, sombrio, uma tristeza sem esperança, no que difere muito de Romeu e Julieta que apesar da morte, do fim trágico, a sensação é de que o amor vence a morte ou que os amantes estão livres nelas, nos confortando.
ResponderExcluirOlá Ivi e Lais!! Tudo bem??
ResponderExcluirFiquei muito feliz de ler esta resenha, pois sempre ouvi falar muito sobre este livro, mas nunca tive a oportunidade de ler. E fiquei muito empolgada com a resenha, e confesso que não sou muito acostumada em ler clássicos, mas vou ler este com toda certeza!!
Parabéns!!
Deve ser um livro realmente bem intenso e cheio de paixões avassaladoras da época, coisa que eu adoro. Ainda não tinha lido o livro mas fiquei com uma baita vontade. Não vi problema em contar o final da história porque ainda tem muita a acontecer até chegar a isso, eu espero.
ResponderExcluirAcredita que nunca li esse livro? No meu ensino médio nenhum professor passou ele como leitura obrigatória não :S
ResponderExcluirÉ uma pena porque parece ter uma bela história. Vou ler sim.
Ainda não li o livro, admito.
ResponderExcluirJá li alguns clássicos, mas devo confessar que não é meu gênero favorito. Mas mesmo assim já li alguns e tenho vários, tinha até a intenção de ler um clássico por mês, mas com tantas leituras pendentes acabo sempre passando eles para depois.
Mas quem sabe né? Este parece ser uma ótima leitura.