O Menino Feito de Blocos (Keith Stuart).

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Ficha Técnica:
Nome Original:A Boy Made of Blocks
Autora:  Keith Stuart
País de Origem: Inglaterra
Tradução: Ana Carolina Delmas
Número de Páginas: 378
Ano de Lançamento: 2016
ISBN-13: 9788501108081
Editora: Record

Oi gente que ama livros, hoje venho com a resenha do 93º livro lido em 2016 e foi O Menino Feito de Blocos (Keith Stuart). Existe um certo tipo de clichê na literatura contemporânea que me interessa particularmente, e esse clichê é a abordagem do autismo nas narrativas. Ao ler a sinopse deste livro e perceber que se tratava disto, não pensei duas vezes e comecei a ler esta história.
“Eu não tinha pensado nisso antes, em como o autismo é uma versão amplificada e muito centrada de como todos nós nos sentimos com nossas ansiedades. A diferença é que o restante de nós esconde tudo, sob camadas de negação e de condicionamento social” página 215
O livro nos traz o Sam, um garoto de 8 anos que foi diagnosticado dentro do espectro do autismo, após seus pais perceberem a dificuldade na linguagem e outras especificidades que o menino tinha e apesar de todo o amor que o casal dava para o filho, algumas dificuldades foram surgindo no processo de entender o mundo do Sam e participar ativamente dele.


O enredo começa quando o Alex, pai do Sam, está saindo de casa. Alex e Jody, a mãe do menino, após enfrentarem muitos desgastes entre si no processo educacional do filho, acham melhor passarem um tempo separados, uma vez que Alex se mostra apático diante das dificuldades do relacionamento. Alex ama Jody e ama ainda mais o filho, mas não consegue se comunicar com o Sam e isso gera uma frustração imensa, uma vez que ele já tem a sua bagagem emocional mal resolvida consigo mesmo. Até que o Sam ganha um videogame e começa a se familiarizar com o jogo Minecraft e isso se torna uma obsessão para ele e o Alex, passa a se informar mais sobre o jogo e ambos começam a conversar e a partir disso, Alex entede melhor o filho.

Toda a narrativa é sob o ponto de vista do Alex e a forma honesta que ele se apresenta como homem, marido, pai, amigo, filho e irmão, é muito boa. Ele sabe o quanto ele é relapso com as questões sérias da sua vida e tem a noção exata que precisa mudar, porém, é consciente também de suas limitações e isso o atrasa quanto a melhorar.

A maneira como o autor constrói o enredo e nos apresenta a família e os amigos do Alex, e por conseguinte, do Sam, nos dá o panorama exato do que precisamos saber para simplesmente torcer para que o Alex se aproxime do filho e faça parte do seu mundo.

A escrita do Stuart é bem-humorada, e ao mesmo tempo, reflexiva e franca. Embora o autor não perca tempo com descrições físicas do narrador ou dos demais personagens, você consegue visualizar cada um deles e os vê dentro da história, que é sensível, forte e com um final muito bom.

Terminei de ler o livro muito emocionada, com lágrimas nos olhos e abraçando o livro, tentando construir um abraço meu para com a família do Sam. A narrativa é fluida, rápida, interessante e a história é tão consistente, que não dá brechas para que o livro possa ser esquecido entre uma leitura e outra.

O livro traz uma desconstrução muito interessante sobre videogames. Enquanto vejo e ouço pessoas falando dos malefícios deste lazer, essa história fala do encontro entre pai e filho, através do jogo e tenho certeza que isso deve se repetir em outras casas e lares, em busca de uma ponte de comunicação. Para mim mesma, foi um alerta muito positivo, em me interessar mais pelos jogos que meu filho joga e comenta tão empolgado e que muitas vezes, não entendo nada. O jogo em si, pode não ser um fim, mas um meio para que coisas boas aconteçam.


Mega recomendo para pais e professores que lidam com crianças diariamente. Embora as peculiaridades sejam outras e algumas, bem mais fáceis, o livro ressalta a necessidade de uma criança ser feliz, independente de sua condição. 

Amei muito essa leitura e tenho certeza que Alex e Sam estarão sempre em meu coração.
“Algumas construções são importantes porque são grandes, mas algumas são importantes porque têm lembranças dentro delas.” Página 360

Um pouco sobre o autor: Keith Stuart é o editor de jogos do Guardian. Ele escreveu sobre videogames, tecnologia e mídia digital há 20 anos. Após descobrir que um de seus filhos estava dentro do espectro do autismo, começou a se interessar sobre o assunto e o livro O Menino feito de Blocos é quase uma história biográfica. Esta obra é o seu único livro publicado no Brasil.

Comentários
5 Comentários

5 comentários :

  1. Oi Ivi,
    temática bacana abordada neste livro. O espectro autista ainda é pouco divulgado, pouco comentado e muita gente acaba tendo preconceito sem nem saber do que se trata.
    Eu tenho um caso bem próximo e lembro que li muitas coisas a cerca do assunto, acho bacana um pai expor (mesmo que não seja a sua história propriamente dita). Achei bacana também a questão de envolver videogames, já que muita gente hoje em dia critica tanto e as vezes acaba por unir.
    www.estilo-gisele.blogspot.com.br

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  2. Oi Ivi, você falou com tanto carinho da obra que não tem como a gente não querer ler né. Já anotei na minha agenda.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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  3. Ivi!
    Muito bom poder ler um livro que aborda o tema sobre autismo e ainda mais sobre as relações familiares que envolvem os parentes da criança com ele.
    E fiquei encantada ao saber que o pai consegue se relacionar com o filho através do jogo, deve ser emocionante.
    “Não pedi coisas demais para não confundir Deus que à meia-noite de ano novo está tão ocupado.” (Clarice Lispector)
    FELIZ 2017!
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  4. Oi!
    Ainda não li mas depois da sua resenha irei procurar por esse livro, muito legal ser abordado o autismo, relações familiares e como um simples jogo pode fazer as pessoas se entenderem. Parece ser bem tocante. Espero ler em breve.
    Beijos Squad Of Readers

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  5. Oi!
    Gostei muito da historia desse livro, principalmente a forma franca que a autor fala sobre o autismo e por o livro trata dessa relação entre pai e filho, a forma bem humorada do livro também me surpreendeu e se tiver oportunidade com certeza irei ler essa historia !!

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Ivi Campos

47 anos. De todas as coisas que ela é, ser a mãe do André é a que mais a faz feliz. Funcionária Pública e Escritora. Apaixonada por música latina e obcecada por Ricky Martin, Tommy Torres, Pablo Alboran e Maluma! Bookaholic sem esperanças de cura, blogueira por opção e gremista porque nasceu para ser IMORTAL! Alguém que procura concretizar nas palavras o abstrato do coração.




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